Sempre que entro n’algum site de
relacionamento, me pego indagando à respeito do fato de as pessoas despirem-se
diante do mundo. Então, esbarrei, dia desses, com o termo “striptease
espiritual público”, comentado pelo sociólogo
Zygmunt
Bauman.
À partir daí, a bola de neve
mental desencadeou num raciocínio cujo pontapé inicial é a comercialização da
moral humana.
Foi fácil fazer uma analogia
entre a austeridade versus o consumismo. Pense bem: nós vivemos um acidente
histórico, cuja inovação não é a tecnologia fundamentada, nem o avanço
eletrônico, mas a orgia consumista! E digo orgia, porque passou de necessidade,
a prazer/desprazer no Ter/ Possuir. E por que isso?
Relevância.
As pessoas querem ser notadas.
Elas querem fazer parte de algo. Querem comentários à respeito delas e
aceitação daquilo que elas são/pensam/vestem/ingerem.
Num lapso de desprendimento do senso
comum, fica clara a observação de que hoje, não há utopia.
Para onde, exatamente, estamos
indo?
Que eu me lembre, traçávamos, até bem pouco tempo
atrás, um caminho para esse “desenvolvimento” que presenciamos, sem nos indagar
a repeito dos alicerces de um futuro posterior ao que galgamos. Fizemos o gol, corremos pro
abraço, mas nos esquecemos que a partida continua depois da mudança no placar.
Um termo bastante usado
antigamente era o “Interregno”, que denotava o período que um império qualquer
ficava sem Rei, ou dinastia. Nesse período, a população subordinada a tais
comandos, ficava perdida. Estagnada. E é essa a caracterização dada a nosso
tempo. Não mais pela próxima aristocracia, mas ainda uma espera; o “Stand By”da
contemporaneidade.
Compartilhar dos mesmos
interesses ou sentimentos é uma procura incessante por uma utopia comum. A
vontade de que destino traga a novidade que todos precisam. Não sabem. Mas
precisam.
Essa confusão que se dá entre a estereotipação
e a similaridade torna perigosa a exposição exagerada - que beira à carência.
Tornam susceptíveis as moças, previsíveis os rapazes, premeditados demais os
eventos e promulgados os relacionamentos.
Antes de hipotecar nosso futuro,
convém pensar conjuntamente num destino comum, sem a ideia ilusória de que
estar no “ranking” dos mais “clicados” da semana fará alguma diferença
considerável na sua, ou na vida de qualquer outra pessoa. Poupe-se da
exposição.
Vista-se.
Sarah Nadim de Lazari
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