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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vista-se


Sempre que entro n’algum site de relacionamento, me pego indagando à respeito do fato de as pessoas despirem-se diante do mundo. Então, esbarrei, dia desses, com o termo “striptease espiritual público”, comentado pelo sociólogo  Zygmunt Bauman.

 À partir daí, a bola de neve mental desencadeou num raciocínio cujo pontapé inicial é a comercialização da moral humana.

Foi fácil fazer uma analogia entre a austeridade versus o consumismo. Pense bem: nós vivemos um acidente histórico, cuja inovação não é a tecnologia fundamentada, nem o avanço eletrônico, mas a orgia consumista! E digo orgia, porque passou de necessidade, a prazer/desprazer no Ter/ Possuir. E por que isso?

 Relevância.

 As pessoas querem ser notadas. Elas querem fazer parte de algo. Querem comentários à respeito delas e aceitação daquilo que elas são/pensam/vestem/ingerem.

 Num lapso de desprendimento do senso comum, fica clara a observação de que hoje, não há utopia.

 Para onde, exatamente, estamos indo?

Que eu  me lembre, traçávamos, até bem pouco tempo atrás, um caminho para esse “desenvolvimento” que presenciamos, sem nos indagar a repeito dos alicerces de um futuro posterior ao  que galgamos. Fizemos o gol, corremos pro abraço, mas nos esquecemos que a partida continua depois da mudança no placar.

 Um termo bastante usado antigamente era o “Interregno”, que denotava o período que um império qualquer ficava sem Rei, ou dinastia. Nesse período, a população subordinada a tais comandos, ficava perdida. Estagnada. E é essa a caracterização dada a nosso tempo. Não mais pela próxima aristocracia, mas ainda uma espera; o “Stand By”da contemporaneidade.

 Compartilhar dos mesmos interesses ou sentimentos é uma procura incessante por uma utopia comum. A vontade de que destino traga a novidade que todos precisam. Não sabem. Mas precisam.

 Essa confusão que se dá entre a estereotipação e a similaridade torna perigosa a exposição exagerada - que beira à carência. Tornam susceptíveis as moças, previsíveis os rapazes, premeditados demais os eventos e promulgados os relacionamentos.

 Antes de hipotecar nosso futuro, convém pensar conjuntamente num destino comum, sem a ideia ilusória de que estar no “ranking” dos mais “clicados” da semana fará alguma diferença considerável na sua, ou na vida de qualquer outra pessoa. Poupe-se da exposição.

 Vista-se.

Sarah Nadim de Lazari



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