Ela se acostumou com a
solidão
De tal forma que agora teme
a multidão,
E se esqueceu do calor de um
abraço
E de como é bom pegar na
mão.
Ela ocupa a cama toda
sozinha,
E usa os travesseiros de
companhia.
Deita mais cedo por falta do
que fazer,
Vestindo a camisola bege de
quem não sente mais prazer.
Percebeu que não faz falta
pra ninguém,
E que de tanto escolher,
acabou escolhida.
Fala convictamente com o
cachorro,
Considerando o rabo abanando
uma resposta sensata.
Seu consolo é uma comédia
romântica,
E seu ator favorito tem 18
anos.
Agora seu psicólogo é um
pote de sorvete,
E sua pílula anti-stress não
funciona mais.
A falta de alguém ao lado,
de repente, incomoda,
E aquele número de telefone
se torna pertinente.
Agora preza por um futuro
contente,
Que há tempos, julgava
indiferente.
E acredita que o azar um dia
vai dar trégua.
E tenta se concentrar pra
voltar no tempo,
Quando fazia sentido se
maquiar ou dançar.
Quando valia a pena sair
para flertar.
Ela foge dos espelhos que a
engordam demais.
E vai trocar de carro, mas,
tanto faz...
Cozinha um banquete pra
comer sozinha,
E só limpa o fogão quando
vem visita.
Ela se esqueceu de como é
ser beijada.
Como fazer com a língua, e
onde pôr a mão.
Se sente acariciada quando
se afaga na escuridão.
E se aquece com o peso de um
monte de edredom.
Acontece que ela se
acostumou com a solidão,
E vai levar um tempo até
abrir o coração,
Que foi lacrado pelo medo e
pela decepção
E que agora só funciona por
conta da razão.
Mas se um dia ela quiser ser
amada de novo,
Vai ser tão simples como na
televisão?
Vai achar alguém, um caminho
ou uma estrada
Que não a leve de volta pra
essa pista de uma só direção?
Solidão.
Sarah Nadim de Lazari
#2012
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