Eudemonismo
é uma doutrina segundo a qual felicidade é o objetivo da vida humana. Pasme: eis
aí uma quimera inalcançável.
Antes
de um suicídio coletivo, de um rampante de desespero, ou mesmo antes de virar a
página pra ler um texto com o “efeito dopamínico” de uma realidade agradável, explico.
Com
uma mordiscada de filosofia fast-food é possível promover um “solo psíquico” capaz
de absorver coerentemente o fato de a felicidade ser uma ambição transmutável. A
justificativa do possível é uma das correntes mais racionais através da qual
limita-se os sonhos; pondera-se o desejo; restringe-se ao palpável, a ambição.
Se
o hedonismo, hoje, é o ópio do estereótipo, é por conta de uma indústria que
conseguiu fazer com que fosse absorvida a ideia de que ser feliz é ter um corpo
semelhante ao das modelos de comerciais, uma roupa que transpareça
superioridade através da etiqueta, ou uma família tão perfeita quanto à do
comercial de margarina.
Enquanto
o “Prozac” da razão toma forma de contracultura, anarquia ou chatice, o tempo
vai galgando saudades, frustrações e o enfraquecimento das certezas morais.
Tornamos a indiferença uma constante espera pelo êxtase da vida, sem saber que
esse estoicismo mal interpretado, essa apatia diante das coisas simples e
agradáveis de agora, são falsas resiliêcias. Não é adaptação. É fuga.
Felicidade
não pode ser objetivo pelo simples fato de que ninguém “é” feliz: “está”.
Entre
a certeza de uma vontade e a vontade de uma certeza, há de se tentar e crer numa
vida pendular que mantém o sublime e o passageiro sempre de mãos dadas.
Sarah Nadim de Lazari
#2012
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