Translate

terça-feira, 17 de julho de 2012

A Insustentável Leveza da Felicidade


Eudemonismo é uma doutrina segundo a qual felicidade é o objetivo da vida humana. Pasme: eis aí uma quimera inalcançável.  
Antes de um suicídio coletivo, de um rampante de desespero, ou mesmo antes de virar a página pra ler um texto com o “efeito dopamínico” de uma realidade agradável, explico.
Com uma mordiscada de filosofia fast-food é possível promover um “solo psíquico” capaz de absorver coerentemente o fato de a felicidade ser uma ambição transmutável. A justificativa do possível é uma das correntes mais racionais através da qual limita-se os sonhos; pondera-se o desejo; restringe-se ao palpável, a ambição.
Se o hedonismo, hoje, é o ópio do estereótipo, é por conta de uma indústria que conseguiu fazer com que fosse absorvida a ideia de que ser feliz é ter um corpo semelhante ao das modelos de comerciais, uma roupa que transpareça superioridade através da etiqueta, ou uma família tão perfeita quanto à do comercial de margarina.
Enquanto o “Prozac” da razão toma forma de contracultura, anarquia ou chatice, o tempo vai galgando saudades, frustrações e o enfraquecimento das certezas morais. Tornamos a indiferença uma constante espera pelo êxtase da vida, sem saber que esse estoicismo mal interpretado, essa apatia diante das coisas simples e agradáveis de agora, são falsas resiliêcias. Não é adaptação. É fuga.
Felicidade não pode ser objetivo pelo simples fato de que ninguém “é” feliz: “está”. 
Entre a certeza de uma vontade e a vontade de uma certeza, há de se tentar e crer numa vida pendular que mantém o sublime e o passageiro sempre de mãos dadas.

Sarah Nadim de Lazari 
#2012



Nenhum comentário:

Postar um comentário