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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Camuflagem


           “Propaganda é a arma do negócio; no nosso peito bate um alvo muito fácil. Mira à laiser; miragem de consumo; latas e litros de paz teleguiada.”. A música de “A Promessa” de Humberto Gessinger delata o cenário deste ínterim pós Revoluções Industriais, contaminado pela mídia – e sua “Mediocracia”.

Se outrora a clausura ditatorial, hoje, a semiurgia; se antes a subjetividade programada dos poetas, hoje, a liberdade vigiada dos letrados. Nesse vaivém histórico da manipulação em massa, assistimos ao surgimento do “Jornalismo Industrial” - mera linha de produção de notícias descartáveis-, que torna o conveniente individual, uma preocupação generalizada.

A relação entre um canal religioso, que faz com que a “fé” enterre a todos na vala comum de um discurso literal, e um canal pornô, que sucumbe o ser humano ao seu instinto animal, é a vulnerabilidade do homem. Compra-se a idéia, não o produto. Transmitir o que se quer ouvir/ver, é o crime de toda programação- e o deleite de todo canal de televendas.

A relatividade de um programa, uma notícia, ou uma propaganda equipara-se ao fato de a diferença entre veneno e o remédio, ser apenas a dosagem; dialoga com a circunstância de que para um vírus, a penicilina é uma doença. A rixa é “mais embaixo”.  É o status social, que, invariavelmente, seleciona o que deve ser veneno ou doença. E a semiurgia – fato de plantar uma notícia na mídia-, só faz parecer igual o que é diferente, numa austeridade camuflada de gentileza e vantagem.

Não se pode mais admitir que a sociedade continue sendo hostilizada pelo macartismo reeditado pela “magnificência” dos grandes veículos de imprensa. A mediocridade e a tolerância não podem tomar conta daqueles que sucumbem ao comodismo de ver todos os dias na televisão o circo, ainda que sem o pão, sem saber que o palhaço está do lado de cá da tela.

Sarah Nadim de Lazari
#2012