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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A Insustentável Leveza das Mãos


Foram só mãos dadas
E um diálogo silenciosamente compreendido.
Foram só mãos dadas
E tanta coisa a se dizer.

Foram só mãos dadas
E a escuridão nos entendia.
Foram só mãos dadas
E as lembranças dia após dia.

Mãos de quem cumprimenta
Mãos de quem dá adeus.
Que, levantadas, soam eufóricas
E que dadas, temem o amanhecer.

Mãos que brincam, fraternais.
Mãos que sabem: se completariam.
Silenciosas: de poucas vogais
Mas que, singelas, disseram: “até mais”.


Sarah Nadim de Lazari
#dos confins dos cadernos usados em 2010. Singelo.




Indi(fere)nça



Em dias assim
mate ou malte
tanto faz.

São em dias assim
que azar ou sorte
satisfaz.

A indiferença é uma proeza
quando estamos no fim.
Ser forte explica o fato
De o meu ego só depender de mim.

Em tardes assim
o sol e a lua disputam
quem é mais capaz.

São em tardes assim
que o algoz amola as facas
num silêncio tenaz.

A obediência não me poupa
de sofrer tanto assim.
É o cárcere dos dias que leva ao medo
Entre um não e um sim.

Em noites assim
a solidão vigiada
me soa voraz.

Nas noites assim
há cigarro, dados
e espera pelo Ás.

A culpa é da saudade que eu sinto
e de uns goles de gim.
A melancolia só parece interessante
quando leva a um motim.

Sarah Nadim de Lazari
#música