Um depósito para o meu “eu” tem
que ser algo razoavelmente grande. Não o suficiente pra caber as coisas
descartáveis que carrego comigo, mas compacto a ponto de confortar muito bem
minhas ideologias. Ah... essas ocupam um lugar privilegiado nesse recém nomeado
“alfândega da alma”.
Tem de haver reservado um
cantinho para as minhas saudades. Essas eu vou levar comigo enquanto não
saná-las (ainda que renove seu “prazo de validade” com certa periodicidade). Esquecê-las é só uma questão de priorizar
aquilo que mereço armazenar. Tenho um disco rígido grande o suficiente pra me
lembrar de quem, hora ou outra, fez parte de uma dessas benesses que o destino
me proporcionou.
O caráter há de ser guardado no espaço em que colocarei minha família.
Coisas que soerguem-se juntas, permanecem unidas até o fim. Lá em casa sempre
priorizaram o bom caráter, e pra guardá-lo sem os seus, prefiro mantê-lo como
utopias do que sou. Ou fui.
Já meus amores, vou preferir
embrulhar bem em papel-bolha. Protegê-los do tempo, do desgaste, do desamor, da
traição e da covardia é essencial. Que não haja contato algum com a
desesperança, muito menos com o saudosismo dos outros. Não os deixe entrar em
contato com o gostinho da perdição, nem com qualquer rastro de desinteresse que
estiver por perto.
Coloque de qualquer jeito aí
nesse meio o bom humor, fazendo com que tudo esteja em contato com ele, e não
se esqueça de fazer dos sorrisos parte
fundamental da fé. É que quando a gente ri, contamina-se de esperanças e
propaga uma vontade imensa de acreditar que tudo, no fim das contas, vai acabar
bem.
Deixe de fora o medo, senão não
haverá espaço pra coragem, e essa eu prefiro colocar nas bases do que sou,
porque, caso haja um tempestade de desilusão, sei que terei uma forte sustentação.
Exclua dessa lista o comodismo.
Não quero que, nesse ínterim, meus pedaços sejam infectados pelo senso comum
que, dias desse, fizeram parecer confortável. Quero a aventura de poder contar
com o atrevimento. Quero confiar nas
surpresas que prometem as indagações e suas respostas. Quero naufragar nessas
ondas de suficiência.
"Suficiente".
Essa é a palavra.
Guarde de mim tudo aquilo que for
suficiente pra me fazer feliz. O resto é o descarte pelo qual o ego se
embriagou.
Sarah Nadim de Lazari
#2011
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