É estranho não
participar das marés modais e morais que vão e vêm para as pessoas. Ser
diferente é pejorativo hoje em dia. Não referindo-se a cor, credo ou
sexualidade, mas às concepções do que deveras é o certo nas condutas
cotidianas.
Por que é que
insistem em se martirizar por não ter um tênis de marca refinada? “Refinada”.
Por que usar
uma blusa cuja estampa é um rótulo em cores gritantes que se autoafirmam usando
as pessoas de vitrine?
Quanto custa a
sua intimidade e o sua individualidade, se tudo pelo que você lutou até hoje
virou um penduricalho compartilhado entre várias pessoas?
Ter um celular
com utilidades mil tornou-se, de um dia pra outro, indispensável. O mundo
pautado pelo digital é uma corrosão à autenticidade e à realidade.
Não mais deleita-se
de vida. Conecta-se a um universo paralelo, a um modo automático de existência que
dirige as personalidades pelo que elas postam em seus perfis sociais.
Viramos um
livro de receitas de nós mesmos. Compartilhamos com o mundo aquilo que ouvimos,
comemos, dançamos, para onde vamos, ou de onde viemos, como se procurássemos
alguma aprovação. Alguém que vá nos degustar e recomendar-nos como uma boa
pedida.
Temperamo-nos
com títulos, marcas e padrões que, de tão uniformizados, nos torna insossos.
A necessidade
de ter e de ser aquilo que todo mundo tem ou é, me dá medo.
Não é de hoje
que se escuta dizer que há um veneno certo contra determinado tipo de praga.
Se veneno a personalidade,
praga a futilidade.
Sarah Nadim de Lazari
A banalização e outras aflições da verdadeira e total crise de valores e conceitos...
ResponderExcluirEis aqui pintado por ti, a triste civilização de espetáculos fúteis.
Mas já reparastes também Sarah, o que fazem hoje de um livro?
Os livros ocupam grande parte deste ensaio decadente de ser e ter. A forma como a vida útil de um livro atualmente, visto também como quase um objeto descartável. A sucessão de novidades, as edições em massa de lixo editorial promovido de forma enganosa estão a deformar o propósito enriquecedor dos livros. A partilha por
empréstimo é quase inexistente, o consumo desenfreado chegou aos livros, que se vendem pela beleza das capas...
Acompanhando essa praga toda de perfis sociais.
Creio que hoje, Sócrates beberia seu cálice de cicuta, sem se sentir obrigado... tal o fundo do poço que chegamos. E Pior, com paisagismo de sermos transados, modernos e especiais...
Tsc Tsc.
Gostei de tudo aqui.
Dos teus pensamentos.
=)