É estranho não
participar das marés modais e morais que vão e vêm para as pessoas. Ser
diferente é pejorativo hoje em dia. Não referindo-se a cor, credo ou
sexualidade, mas às concepções do que deveras é o certo nas condutas
cotidianas.
Por que é que
insistem em se martirizar por não ter um tênis de marca refinada? “Refinada”.
Por que usar
uma blusa cuja estampa é um rótulo em cores gritantes que se autoafirmam usando
as pessoas de vitrine?
Quanto custa a
sua intimidade e o sua individualidade, se tudo pelo que você lutou até hoje
virou um penduricalho compartilhado entre várias pessoas?
Ter um celular
com utilidades mil tornou-se, de um dia pra outro, indispensável. O mundo
pautado pelo digital é uma corrosão à autenticidade e à realidade.
Não mais deleita-se
de vida. Conecta-se a um universo paralelo, a um modo automático de existência que
dirige as personalidades pelo que elas postam em seus perfis sociais.
Viramos um
livro de receitas de nós mesmos. Compartilhamos com o mundo aquilo que ouvimos,
comemos, dançamos, para onde vamos, ou de onde viemos, como se procurássemos
alguma aprovação. Alguém que vá nos degustar e recomendar-nos como uma boa
pedida.
Temperamo-nos
com títulos, marcas e padrões que, de tão uniformizados, nos torna insossos.
A necessidade
de ter e de ser aquilo que todo mundo tem ou é, me dá medo.
Não é de hoje
que se escuta dizer que há um veneno certo contra determinado tipo de praga.
Se veneno a personalidade,
praga a futilidade.
Sarah Nadim de Lazari
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